08 fevereiro 2012

Teoria dos Tipos Psicológicos - As 4 dimensões da personalidade



Uma aula ao vivo falando de forma breve do mapeamento dos quatro tipos caracterológicos de Carl Gustav Jung.

14 novembro 2010

Perturbações psiquiátricas: Portugal tem «padrão atípico»



"Portugal tem «um padrão atípico, em termos europeus», de prevalência de perturbações psiquiátricas, com números que se aproximam aos dos Estados Unidos, país com maior prevalência no mundo, disse à Lusa o coordenador do estudo nacional sobre saúde mental.
O primeiro estudo que faz o retrato da saúde mental em Portugal insere-se na iniciativa mundial dos estudos epidemiológicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), é coordenado pela Universidade de Harvard nos Estados Unidos e envolve 24 países, tendo até hoje criado a «maior base de dados do mundo», com mais de 100 mil pessoas entrevistadas.
Em Portugal, o estudo é dirigido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e revelou que 22,9 por cento dos 3849 entrevistados, amostra representativa da população portuguesa, sofrem de perturbações psiquiátricas, aproximando-se dos 26,3 por cento registados nos EUA.
«Nós aparecemos com resultados mais elevados do que os restantes países do Sul da Europa, que têm um padrão com prevalência mais baixa do que os países do Norte. Nós temos valores mais elevados do que no Norte da Europa, aproximando-nos dos Estados Unidos», explicou o responsável pelo estudo português, Caldas de Almeida.
No topo dos problemas estão as perturbações de ansiedade, com 16,5 por cento, as perturbações depressivas, com 7,9 por cento, as perturbações de controlo dos impulsos, com 3,5 por cento, e as perturbações relacionadas com o álcool, 1,6 por cento.
Os primeiros resultados do estudo revelam que os mais afectados são as mulheres e os jovens dos 18 aos 24 anos e, dentro destes dois grupos, especialmente aqueles que estejam separados, viúvos e divorciados e tenham níveis de literacia baixos e médios.
Para além de medir a prevalência das doenças mentais, o estudo também tem como objectivo «o impacto destas doenças na produtividade de um país, em termos de incapacidade, de faltas ao trabalho, de doenças físicas» e também na utilização dos serviços de saúde, explicou Caldas de Almeida.
«É um estudo muito interessante, que cruza a informação sobre a patologia com a informação sobre os serviços», sublinhou o responsável, evidenciando que «em todo o mundo há uma percentagem demasiado alta de casos que não são devidamente atendidos».
Aliás, acrescentou, «uma das razões principais da realização deste estudo foi ter evidência científica que ajude no desenho e na implementação da saúde mental».
«Coisas boas e más»
No caso de Portugal, o estudo analisou o acesso aos serviços de saúde e constatou que existem «coisas boas e más». Segundo Caldas de Almeida, «os cuidados primários, clínica geral, têm uma acessibilidade muito boa em termos europeus, enquanto que os serviços especializados já não têm uma performance tão boa, em relação à média na Europa».
O estudo português tem o financiamento da Comissão Europeia, até Julho do próximo ano, e apresentará os resultados finais durante o segundo semestre de 2011.
A pesquisa nacional tem objectivos específicos, que coincidem com os europeus, pretendendo obter uma análise de dados em torno de três grandes temas: o peso das doenças http://diario.iol.pt/ a nível europeu, a influência do género nos problemas das doenças mentais e a influência das desigualdades sociais e económicas nos problemas da saúde mental.
«Vamos ter, no fim, um manancial de dados que vai ser muito importante para percebermos qual é a origem de muitos problemas. Vamos encontrar muita informação que vai ser muito importante no futuro», antecipa Caldas de Almeida."
in http://diario.iol.pt/  - 14-11-2011

10 novembro 2010

“Arquétipo do Herói” e o Complexo de poder

Uma das imagens arquetípicas mais conhecidas é a do herói. Os heróis são personagens fundamentais em todas as mitologias
Entretanto eu gostaria de pensar o herói de uma forma menos “arquetípica”, para pensarmos sua manifestação pessoal, isto é, através do complexo. Digo isso, pois, muitas vezes já reparei que ao falarmos de processo de enfrentamento,  onde se manifesta a dinâmica do herói, nos referimos sempre ao arquétipo e, geralmente, nos esquecemos do complexo envolvido.
Mas, para pensarmos essa dinâmica arquetípica, devemos considerar primeiro alguns aspectos do herói, seguindo a explanação de Joseph Campbell.
O Mito Herói
Etimologicamente,  ήρως (héros) talvez se pudesse aproximar do indo-europeu servä, da raiz ser-, de que provém o avéstico haurvaiti, "ele guarda" e o latim seruäre, "conservar, defender, guardar, velar sobre, ser útil", donde herói seria o "guardião, o defensor, o que nasceu para servir".(BRANDÃO, 1987, p.15)
Quando falamos em Herói, falamos de uma personagem mítico que vive no limiar entre o mundo humano e o mundo dos deuses. Por vezes, o herói é defensor do cosmos, protegendo o mundo contra as  forças do caos, fazendo com que o mundo continue existindo, em outros momentos ele é o próprio agente de transformação, derrubando regimes corruptos e decadentes, propiciando a renovação da vida.
Esse “estar entre dois mundos” fez com que o herói fosse visto como sendo ele próprio estivesse entre os deuses e os homens. Entre os gregos, os heróis eram uma categoria a parte, haviam os imortais(que chamamos de deuses), os mortais (humanos) e os heróis, que em sua maioria possuíam uma ascendência divina, ou que haviam conquistado as graças de um deus. Em outras mitologias, como a nórdica, os heróis não eram filhos ou descendentes, mas protegidos ou escolhidos pelos deuses, que lhes capacitavam para uma dada missão.  Essa característica do herói, de ser um escolhido ou descendente divino, é notada na mitologia como o “nascimento milagroso”, isto é, ao nascer a criança-herói sofre a “exposição” , isto é, é exposta aos elementos ou uma grande dificuldade (Édipo foi abandonado no monte Citerão, Hércules venceu duas serpentes, Perseu foi lançado com a mãe ao mar, pelo avô, Moisés foi colocado numa cesta de junco no nilo, Harry Potter, graças ao sacrifício de sua mãe, sobreviveu ao ataque de Voldemort, etc…) de modo, que sua infância já indica os grandes feitos futuros.
A jornada do herói, como é proposta por Joseph Campbell, pode ser resumida em três atos: Partida-Iniciação-Retorno.
Partida corresponde o inicio da aventura.
Chamado à Aventurapode por um processo natural, isto é, pode ser consequência da vivência do herói ou o herói se coloca a disposição para realizar o feito, como no conto do circulo arturiano “Sir Gawain e o  Cavaleiro Verde” , quando no ano-novo um cavaleiro verde aparece na corte do Rei Arthur, pedindo/desafiando que um dos cavaleiros presentes lhe dê um golpe de machado no pescoço e que em um ano, fosse na capela Verde, para receber o golpe de volta, Arthur se prontifica, mas, Gawain se prontifica, solicitando que o Rei permitisse que ele assumisse o desafio. Esse é um exemplo, da aceitação natural ao chamado. 
Outra possibilidade é quando o herói é envolvido pela aventura e, quando se dá conta, já está no meio da aventura, esse “cair de pára-quedas” na aventura é muito comum nos contos de fadas. Um exemplo, são as histórias de Simbad, o Marinho, narradas nas “Mil e Uma Noites”, onde, Simbad, já velho e próspero comerciante, narra a um homem pobre e invejoso, como ele se tornou rico e prospero, e que foi o destino e lhe levou as grandes aventuras.
Esse primeiro estágio da jornada mitológica — que denominamos aqui "o chamado da aventura" — significa que o destino convocou o herói e transferiu-lhe o centro de gravidade do seio da sociedade para uma região desconhecida. Essa fatídica região dos tesouros e dos perigos pode ser representada sob várias formas: como uma terra distante, uma floresta, um reino subterrâneo, a parte inferior das ondas, a parte superior do céu, uma ilha secreta, o topo de uma elevada montanha ou um profundo estado onírico. Mas sempre é um lugar habitado por seres estranhamente fluidos e polimorfos, tormentos inimagináveis, façanhas sobre-humanas e delícias impossíveis.(CAMPBELL,2005, p.66)
Campbell aponta que o chamado pode ser recusado, quando o herói se recusa, cai sobre ele passa ter uma existência vazia, se tornando ele mesmo um vilão ou pode ser amaldiçoado pelas divindades, e muitas vezes, ele próprio deve ser salvo por um futuro herói que aceitou o chamado (discutiremos mais a frente a recusa, quando falarmos do complexo de poder).
No inicio da Aventura, há como característica o auxilio sobrenatural,isto é, alguma figura sobrenatural(como animal falante), um deus, ou um ancião ou anciã lhes dão conselhos e/ou instrumentos que lhes permitem seguir em sua empreitada. Após o encontro, com esse sobrenatural, o herói é levado ao limiar.
Chamado por Campbell, como A passagem pelo primeiro limiar, que é justamente quando o herói deixa o mundo conhecido e entra no desconhecido. Ao chegar no limiar, o herói passa pelo primeiro teste, que é enfrentar o guardião do limiar, esse guardião separa os limites do mundo conhecido, de modo, que nenhum homem comum pode atravessar esse limiar, esse guardião poderá tentar seduzir os heróis (como as sereias, a Iara, o boto), ou tentará assustar e enganar o herói levando-o a um destino trágico (como faz o coiote nos mitos indígenas norte americanos, ou o curupira em nosso folclore). Ou mesmo, poderáirá propor um desafio que pode ser o combate físico ou mesmo que herói lhe traga um objeto(quase impossível) de se conseguir.
A passagem pelo primeiro limiar pode assumir a forma de renascimento, na mitologia é representado pelo ventre da baleia,em nossa cultura o mais conhecido é o profeta bíblico Jonas, mas, outros personagens míticos como o herói irlandês, Finn MacCool, o grego Héracles, o herói trapaceiro “Corvo” dos esquimós,  o polinésio Maui, todos passaram pelo ventre da baleia ou do “grande peixe” ou do monstro marinho.
Após a travessia pelo primeiro limar, o herói é exposto as provações que vãoinicia-lo num desenvolvimento de ordem superior. Aqui o herói não contará apenas com sua força ou astúcia, mas, estará por inteiro na aventura.
Tendo cruzado o limiar, o herói caminha por uma paisagem onírica povoada por formas curiosamente fluidas e ambíguas, na qual deve sobreviver a uma sucessão de provas. Essa é a fase favorita do mito-aventura. Ela produziu uma literatura mundial plena de testes e provações miraculosos. O herói é auxiliado, de forma encoberta, pelo conselho, pelos amuletos e pelos agentes secretos do auxiliar sobrenatural que havia encontrado antes de penetrar nessa região. Ou, talvez, ele aqui descubra, pela primeira vez, que existe um poder benigno, em toda parte, que o sustenta em sua passagem sobre-humana (CAMPBELL, 2005, 102.)
No caminho das provações o herói deverá enfrentar desafios de todas as ordens, seja os monstruosos ou dos prazeres. Nesse caminho, o herói será levado ao encontro e confronto das forças primordiais: o amor e o poder. Esses dois são representadas pela figura da Deusa(ora mãe, ora amante) e do Deus – Pai.
No geral, o confronto com as forças criadoras (a Deusa-mãe e o Deus-Pai), no caso da Deusa-mãe é herói a encontra como a devoradora, a que aprisiona em seu próprio útero,  vencer esta mãe primordial(caótica) é o primeiro passo para ser realmente homem, e assim, poder encontrar a deusa-rainha.
O encontro com a deusa (que está encarnada em toda mulher) é o teste final do talento de que o herói é dotado para obter a bênção do amor (caridade: amor fati ), que é a própria vida, aproveitada como o invólucro da eternidade.(CAMPBELL,2005,  p.119)
O confronto com o deus (muitas vezes figurado como monstro, o ogro) consiste num encontro e num reconhecimento. Isso pode se dar pela via do confronto direto (o deus como um monstro a ser derrotado) ou pelas tarefas que farão o pai reconhecer o filho-herói. Esse processo, permite ao herói “se tornar um com o pai” ou compreender o pai, que na verdade, é o amadurecimento, a possibilidade de vislumbrar uma dimensão, então, impossível para o mesmo.
O problema do herói que vai ao encontro do pai consiste em abrir sua alma além do terror, num grau que o torne pronto a compreender de que forma as repugnantes e insanas tragédias desse vasto e implacável cosmo são completamente validadas na majestade do Ser. O herói transcende a vida, com sua mancha negra peculiar e, por um momento, ascende a um vislumbre da fonte. Ele contempla a face do pai e compreende. E, assim, os dois entram em sintonia.(CAMPBELL,2005, p 142.)
Após completar sua busca, vencer seus desafios, o herói deve retornar a sua pátria, aqui ele também recebe, no geral, ajuda sobrenatural para realizar sua viagem de retorno ou sua fuga milagrosa.
Devemos ressaltar, que apesar haver diferentes tipos de herói, a estrutura da aventura é a mesma.

Jornada do Herói


O Arquétipo do Herói e a experiência pessoal : Complexo de poder

Após observarmos a estrutura do mito do herói, podemos compreender um pouco mais acerca do arquétipo do herói. Afinal, o mito do herói é uma representação do arquétipo do herói na cultura. Não podemos perder de vista, que os arquétipos são padrões de organização psíquica, culturalmente percebemos essa organização a partir da repetição sistemática dos temas mitológicos (criação, maternidade, morte, enfrentamento de adversidades) que nos permite uma orientação nas diversas situações da vida.
Em nossa experiência pessoal, os arquétipos se configuram como um eixo temático em torno do qual as experiências pessoais serão apreendidas e ordenadas, dando origem aos complexos. Por exemplo, as experiências vinculadas a maternidade (nutrição, acolhimento/proteção) darão origem ao complexo materno.
No caso específico do herói, não há na literatura em português uma referência clara ao complexo oriundo do “arquétipo do herói”, eu particularmente, compreendo que herói é a imagem representacional do arquétipo, por isso, eu prefiro chamar essa configuração pessoal de “complexo de potência” ou “complexo de poder”.
O complexo de poder agrega a si todas as experiências do individuo no tange “enfrentamentos”, mudanças, a capacidade suportar a adversidade, frustrações. Desde cedo somos incentivados (ou não) a enfrentar a realidade externa, o meio. Um individuo que desde cedo sentiu segurança, apoio e estabilidade nas relações parentais, vai construir um repertório de experiências que vão possibilitar uma maior segurança no futuro, isto é, um complexo de potência que vai sustentar o Ego na sua relação frente a vida.
Devemos lembrar, que mesmo os que não tiveram condições de vivenciar em suas famílias experiências positivas, têm outros referenciais que são oferecidos culturalmente (que normalmente, complementam o aprendizado doméstico) que são as narrativas míticas (as mais comuns são histórias da bíblia), contos de fadas (que hoje identificamos também com os “super-heróis” ou personagens de TV e quadrinhos), identificação com pessoas (atletas ou empresários), que mobilizam o individuo a novas possibilidades.
O complexo de poder está intimamente relacionado com o aspecto teleológico da psique, isto é, o complexo de poder não só agrega as experiências de enfrentamento a si, mas, possibilita ao ego um direcionamento futuro, trazendo em si um potencial de ação e mudança, muitas vezes,  impelindo o Ego ao enfrentamento.
Como todo complexo, o de poder não foge aos aspectos históricos individuo, isto é, ele não se configura apenas como um polo criativo. Pois, quando um individuo tem mais experiências de frustração, de abandono e insegurança, sua experiência negativa também vai moldar negativamente este complexo, fazendo com que o individuo se torne por demais ansioso, temeroso, inseguro e evitando as situações de conflito, nessa forma de configuração conhecemos esse complexo pelo nome dado por Adler : complexo de inferioridadeQuando falamos do “complexo de inferioridade” devemos ter atenção, pois, saindo da perspectiva de Adler, a inferioridade em si não gera o complexo, quando nos referimos ao complexo de inferioridade estamos falando da uma face do complexo de poder.
É importante prestarmos atenção ao fato de que os complexos estão interligados, assim, as experiências muitas vezes se somam positivamente ou negativamente. Ninguém tem exclusivamente experiências positivas ou negativas na vida. Quando sofremos muito em nossa vida, a tendências é nos tornarmos defensivos, evitando mais sensações de dor, achamos que não damos conta das experiências ou das situações. Muitas vezes, gerando sentimentos e pensamentos negativos em relação a nós mesmos. No geral, desvalorizando as conquistas que tivemos na vida e assim, podemos não perceber o lado criativo do complexo de poder.
Em psicoterapia é importante observarmos quais são os complexos que estão em relação com o complexo de poder, que fortalecem a perspectiva negativa frente a vida. Uma vez que o individuo perceba essas relações, para assim, se permitir novos movimentos. No geral, o complexo de poder está intimamente ligado a ansiedade, pois, nele reside grande parte da nossa referencia de confiança e segurança.
A ansiedade é uma função de proteção natural, que evita que assumamos riscos desnecessários, entretanto, com o nosso mundo contemporâneo, onde as realidade é fluida, regida pelas incertezas, a nos leva  sempre é sempre questionar “será que dou conta?” e cada passo que damos é sempre um passo rumo as duvidas. A ansiedade exagerada ou o excesso de insegurança expressam nossa dificuldade não só de lidar “com o que vai vir”, mas, também, de lidar com nossa história, com nossas conquistas, perdemos a noção das possibilidades. A ansiedade, como uma sensação de despreparo para a vida, gera uma limitação em nossa percepção de realidade, que se resume se daremos conta ou não.
Quando nos remetemos ao arquétipo do herói, temos uma referencia interessante: o herói nunca da conta de tudo sozinho.  Sempre recebe o “auxilio sobrenatural” ou a ajuda de amigos. Por isso, quando compreendemos que os mitos são modelos exemplares (segundo Eliade), que nos orientam em como reagir nas mais diversas situações da vida, nós temos um excelente instrumento de referência para além da experiência individual.
Sofremos com a ansiedade, quando tentamos “ dar conta de tudo sozinhos” comentemos,  o que na mitologia grega seria o “pecado do herói”, isto é, a “hybris”, a desmensura, excesso, ou o orgulho, que não nos permite compreender o nosso real papel e que nos conduz ao fracasso. Indo na Na vida aprendemos o quanto precisamos dos outros, aprendemos que crescer é crescer juntos. É interessante que nos contos de fadas contemporâneos nos dizem justamente isso, quando lemos “O Senhor do Anéis”, “Harry Potter” ou “Percy Jackson”, vemos a importância de compreender que “heroísmo” ou “enfrentamento” não significa que tenha de ser “sozinho”.
Quando associamos o complexo de poder ao arquétipo do herói, podemos compreender não só o que fazemos, mas, sobretudo, o que devemos fazer. Nossa psique visa sempre o desenvolvimento, isto é, o crescimento individual e coletivo. Muitas vezes, nós fazemos escolhas que geram estagnação, paralisando nossa vida. Muitas vezes, quandorecusamos o chamado a aventura isto é, recusamos o nosso próprio desenvolvimento (seja pelo medo ou por não termos, naquele momento, melhores opções) podemos gerar o adoecimento.
Com freqüência, na vida real, e com não menos freqüência, nos mitos e contos populares, encontramos o triste caso do chamado que não obtém resposta; pois sempre é possível desviar a atenção para outros interesses. A recusa à convocação converte a aventura em sua contraparte negativa. Aprisionado pelo tédio, pelo trabalho duro ou pela "cultura", o sujeito perde o poder da ação afirmativa dotada de significado e se transforma numa vítima a ser salva. Seu mundo florescente torna-se um deserto cheio de pedras e sua vida dá uma impressão de falta de sentido — mesmo que, tal como o rei Minos, ele possa, através de um esforço tirânico, construir um renomado império. Qualquer que seja, a casa por ele construída será uma casa da morte; um labirinto de paredes ciclópicas construído para esconder dele o seu Minotauro. Tudo o que ele pode fazer é criar novos problemas para si próprio e aguardar a gradual aproximação de sua desintegração. (CAMPBELL, 2005, p. 66-7 )
O complexo de poder (assim, como sua contrapartida impessoal, o arquétipo do herói) nos impele ao futuro, nos incomoda sempre que estagnamos, ou nos gera ansiedade ou temor – não para nos paralisar, mas, para nos alertar dos perigos para assim criarmos novas estratégias, buscarmos ajuda, criar novos meios.

Referencias Bibliográficas
BRANDÃO, Junito. Dicionário Mítico-Etimológico. Petrópolis: Vozes, 1997, vol. I.
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. 10. ed. São Paulo:Cultrix/Pensamento, 2005
_________________________________________________
Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)
Psicólogo Clínico 
in  http://psicologiaanalitica.wordpress.com/

02 agosto 2010

http://www.sciencedaily.com/videos/2009/0102-baby_treadmill.htm#

ScienceDaily - Kinesiologsts developed a tiny treadmill to help infants with Downs Syndrome learn to balance themselves earlier. Typically, these children learn how to walk at 24 to 28 months, later than the 12 months for those without Downs. The treadmill exercise, used about 8 minutes a day, helps to reinforce the underlying pattern of coordination in the legs. This repetition helps build core muscles and support the drive to stand up. After the babies take eight to 10 steps without help, they are outfitted with light reflecting markers. The information from these markers is recorded on cameras, revealing gait, speed and width of their steps. Researchers show walking is occuring six months sooner with the treadmill.

29 julho 2010

SUBLIMATIO

"A capacidade de estar acima das coisas e de se ver a si mesmo com objectividade é a habilidade de dissociar. O uso dessa palavra indica de imediato o perigo da sublimatio. Quando levada a extremos, cada operação alquimica tem a sua própria sintomatologia patológica; mas o individuo moderno provavelmente abusa da sublimatio mais do que qualquer outro. A capacidade de dissociação da psique é tanto a fonte da consciência do ego quanto a causa da doença mental."
Edward F. Edinger in "Anatomia da Psique"

16 maio 2010

SOMBRA



"Não podes fugir do lobo, porque ele uiva dentro de ti" 
Provérbio dinamarquês

Podes sim, integrar o lobo, resgatar em ti a essência que já esqueceste, liderar e proteger a tribo que te foi dada a cuidar...

04 abril 2010

Alejandro Jodorowsky e Cláudio Naranjo - pelo Insconsciente...



Um dia destes perguntaram-me porque coloco tantos vídeos nos meus blogs. Respondendo de forma bem simples, a razão é o cerebro ser um imenso armazem de imagens. Imagens que se arrumam intemporais e de acordo com os outros sentidos - contacto, olfacto, audição, visão e, ainda outros só explorados em situações limite. Muito do meu trabalho interno e que faço com os meus clientes, é baseado nas memórias do corpo, nas suas imagens e em simbólicas-metáforas, que surgem durante a sessão. Acredito que uma imagem aliada a uma frase (re)ajusta a essência de informação que contemos, por traumas primários, distorcida. Então recomendo como ferramentas de auto-descoberta e de potencial humano, trabalhos de criatividade,  de Arte-terapia, corpo-movimento e alerta dos sentidos, meditação e relaxamento, de intuição e resgate das imagens interiores, que habitam o inconsciente pessoal e colectivo.
Este vídeo é um bom exemplo das metáforas do inconsciente.
Hari

24 março 2010

CARL GUSTAV JUNG




Jung no final da sua vida, um trecho em vídeo sobre o significado da Morte e da Vida.
Sábio Mestre que ilumina o meu Caminho.
Hari

09 novembro 2009

ALEXANDER LOWEN

Um pouco da vida e obra de Alexander Lowen



Renata Philadelpho Azevedo Novembro de 1996



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Lowen
Um pouco da vida e obra de Alexander Lowen
Alexander Lowen é ele próprio, o melhor cartão de visitas de sua criação: a Análise Bioenergética. Em 1989 quando esteve no Brasil, Lowen nos surpreendeu com sua alegria de viver e vitalidade. Acompanhei-o por exemplo, a um passeio ao Corcovado e fui testemunha de sua maneira leve e ágil de deslizar por aqueles inúmeros degraus e ainda os esperar no topo, a nós 40 anos mais jovens! Tal condição é conseguida graças a integridade e coerência com seu próprio trabalho, junto com a disciplina de fazer diariamente os exercícios que recomenda.
Completando 85 anos Lowen está deixando a presidência do International Institute for Bioenergetic Analysis (IIBA), que fundou em 1953 quando começou a desenvolver especificamente a sua proposta terapêutica. Hoje o instituto tem 46 sociedades filiadas pela Europa, América do Norte, América do Sul e Nova Zelândia. No Brasil encontramos filiações, todas desenvolvendo cursos de formação para profissionais, em São Paulo, Salvador, Blumenau e Rio de Janeiro.
Advogado, casado e pai de dois filhos, Lowen conheceu Wilhelm Reich logo que este chegou aos EUA em 1940. Interessou-se por suas idéias, principalmente as que relacionavam o corpo e a mente e a sua abordagem econômica do problema da histeria. Tornou-se cliente de Reich. Quando resolveu se aprofundar e trabalhar com a Análise do Caráter Lowen foi para a Europa e se formou em medicina.
Começando a clinicar Lowen sentiu necessidade de ampliar o alvo terapêutico reichiano da potência orgástica. Desde seu próprio tratamento com Reich ele conseguiu alcançar o reflexo orgástico no consultório mas, não o reproduzia satisfatoriamente na vida fora do consultório. Na busca desta ampliação Lowen criou a própria originalidade de seu trabalho. A meta terapêutica da Análise Bioenergética inclui outras marcas de saúde além da potência orgástica: a vitalidade do organismo e sua qualidade de vida.
Corporalmente Lowen enfoca a liberação dos bloqueios energéticos, trabalhando com a respiração e com movimentos que permitam a livre expressão emocional, para então integrá-la à vida e à história pessoal através do fundamental trabalho analítico que acompanha todo o processo terapêutico. Lowen afirma categoricamente essa necessidade de se trabalhar tanto a nível corporal quanto à nível verbal; precisamos das duas pernas para caminharmos.
O trabalho loweniano é apoiado em três pontos: o primeiro é a autoconsciência, sentir-se com suas sensações e sentimentos; o segundo é a expressão desses sentimentos: a autoexpressão e finalmente a integração de ambos através da auto possessão.
Na trajetória da Análise Bioenergética dois conceitos se constituíram como fundamentais: o grounding e o surrender. O primeiro quer dizer enraizamento, é a autosustentação que aponta para a necessidade de uma verdadeira troca energética entre o corpo humano e a terra que o sustenta. O segundo conceito, surrender, significa uma profunda entrega a si mesmo, um profundo relaxamento dos processos defensivos arraigados no organismo e que mantendo a situação traumática impedem a vital pulsação do organismo. O caminho da doença à saúde passa de uma arcaica re-ação à real ação, da rendição à redenção.
Um terceiro conceito, mais recente é o da graciosidade, e está relacionado para Lowen com a espiritualidade. Nos animais livres encontramos uma graça em seus movimentos, uma suavidade flexível que nos encanta como se um pêndulo de energia viva pulsasse dos olhos aos pés. Essa pulsação graciosa circulando provoca sensações, sentimentos e emoções, promovendo o profundo contato com o próprio organismo e com o meio que o cerca.
Lowen também é um exímio escritor, tendo uma vasta bibliografia, a maioria já traduzida para o português, além de várias cartas e textos. Alguns de seus artigos e conferências internacionais foram publicados pelo The Jornal, órgão oficial do IIBA. Podemos esquematizar a obra loweniana em três grupos:
Primeiramente os livros que possibilitam uma visão mais ampla e didática da Análise Bioenergética: O Corpo em Terapia (1958) Summus Ed., Bioenergética (1975) Summus Ed. e Exercícios de Bioenergética (1977) Ágora Ed.. Neste último, escrito com sua mulher Leslie, Lowen demostra especificamente seu trabalho corporal, na forma de exercícios, descrevendo-os com figuras e esquemas, incentivando a prática pessoal.
No segundo grupo Lowen apresenta sua concepção nosografica e terapêutica. Ele aprofunda as dinâmicas psicológicas e corporais de algumas estruturas caracterológicas desenvolvendo as correspondentes técnicas terapêuticas. São eles: Amor e Orgasmo (1965) Summus Ed. abordando o caráter rígido; O Corpo Traído (1967) Summus Ed. sobre o caráter esquizóide; Prazer (1970) Summus Ed. a questão do caráter masoquista; O Corpo em Depressão (1975) Summus Ed. estudando o caráter oral; Medo da Vida (1980) Summus Ed. enfocando o caráter histérico e Narcisismo (1983) Cultrix desenvolvendo a temática do título.
O último grupo de suas obras aprofunda com sutileza e sabedoria alguns temas universais. A relação entre o amor e a sexualidade apesar de abordados por Lowen em vários momentos, foi enfocado especificamente em Amor, Sexo e seu Coração (1988) Summus Ed., nele o tema do bloqueio energético do coração e sua dissociação da sexualidade é relacionada aos problemas cardíacos. Na obra a Espiritualidade do Corpo (1990) Cultrix, Lowen através do enfoque da graciosidade, relacionado ao estado da graça, percorre seus conceitos anteriores. Em Joy the Surrender to the Body and to Life (1995) Peguim /Arkana sua última obra recém lançada nos EUA, Lowen retoma a alegria do brincar, onde a graça de fazer graça é resgatada no processo terapêutico.
Novembro de 1996

Renata Philadelpho Azevedo

09 outubro 2009

ALEXANDER LOWEN

Pai da Bioenergética

BREVES DE WILHELM REICH




"A raça humana enfrentaria o pior, o mais devastador desastre dos desastres se, de repente, chegasse, de uma só vez, a ter pleno conhecimento da função da Vida, da função do orgasmo, e dos segredos do assassinato de Cristo.Há boas e justas razões para que a raça humana se recuse a conhecer a profundidade e a verdadeira dinâmica de sua miséria crónica. Uma tal erupção repentina de conhecimentos paralisaria e destruiria tudo o que, de certa forma, mantém a sociedade caminhando, a despeito das guerras, da fome, dos massacres emocionais, da miséria das crianças, etc."
Wilhelm Reich (1951), em "O Assassinato de Cristo", Ed. Martins Fontes

"Fui acusado de ser um utópico, de querer eliminar o desprazer do mundo e defender apenas o prazer. Contudo, tenho declarado, claramente, que a educação tradicional torna as pessoas incapazes para o prazer encouraçando-as contra o desprazer.
Prazer e alegria de viver são inconcebíveis sem luta, experiências dolorosas e embates desagradáveis consigo mesmo. A saúde psíquica não se caracteriza pela teoria do nirvana dos yogues e dos budistas, nem pela hedonismo dos epicuristas, nem pela renúncia monástica; caracteriza-se, isso sim, pela alternância entre a luta desprazerosa e a felicidade, o erro e a verdade, o desvio e a correcção da rota, a raiva racional e o amor racional; em suma, estar plenamente vivo, em todas as situações da vida. A capacidade de suportar o desprazer e a dor sem se tornar amargurado e sem se refugiar na rigidez, anda de mãos dadas com a capacidade de aceitar a felicidade e dar amor."

Wilhelm Reich (1942), em "Function Of The Orgasm - Vol 1 Of The Discovery Of The Orgone", Ed. Farrar, Straus and Giroux

Obrigado a Wilhelm Reich, pelo testemunho, confirmação e por toda a obra deixada. É, de facto, a experiência que nos abre para a dimensão de Ser realmente Humano. e não acéfalos.


Hari

A ESPIRITUALIDADE DO CONTACTO



"A massagem bioenergética neonatal de Eva Reich, como promoção da saúde e como prevenção da biopatia".
Quando Wilhelm Reich fundou a OIRC (Organ-Infant-Research-Center) em 1949, Eva Reich era médica e assistente de seu pai. O objectivo da fundação do centro era de descobrir qualquer coisa que indicasse se a criança era saudável. Wilhelm Reich queria compreender de que modo, a criança iniciava e desenvolvia os seus bloqueios musculares e emocionais; seu objectivo era de prevenir uma formação precoce de sua "armadura do carácter"; muscular e emocional que poderia predispor a uma futura vida infeliz.
Para W. Reich sem dúvida a depressão crónica, a cisão esquizofrénica, e o traço de carácter esquizóide, o comportamento violento e anti-social, tem como origem a experiência traumática precoce, no início da vida, quando a criança para se proteger da dor, contrai todo o seu "plasma vital". É nesta fase da existência, que se deve actuar, no trabalho de prevenção da biopatia.
Eva Reich é uma daquelas poucas pessoas que viu seu pai trabalhar até o fim de sua vida, de um modo extremamente doce com um recém-nascido. Depois da sua morte, ela tem continuado sua obra de prevenção, e elaborou toda uma técnica de "Gentle Bionergetics", ensinando pela América, Europa e Austrália.
O conceito do "contacto"Observando no microscópio o movimento de organismos unicelulares verificou como uma ameba reagia. Seu pai tinha então descoberto uma regra que, segundo ele, regularia o processo vital de pulsação interna deste organismo unicelular e na relação entre eles, e chamou este organismo unicelular de "biossistema". Este consiste de um núcleo energético pulsante no centro, sangue, e uma membrana que ele contém. A energia pulsa no interior da membrana e um campo energético se estende em torno desta. Se o ambiente é estimulante, a membrana se expande com um movimento fluido, fazendo essa energia fluir em torno da periferia e o campo de energia se alarga, se alastra. Se ao contrário, a estimulação por parte do ambiente é hostil, a ameba se contrai, isto faz com que sua energia flua da periferia para o centro e retraindo o seu campo de energia. Se a estimulação do ambiente continua e é negativa, a pulsação cessa e a ameba morre.
Metaforicamente é como se no caso de um ambiente estimulante, a ameba dissesse "sim" com o movimento de expansão contra o ambiente externo, enquanto que ao contrário na contracção dissesse "não". A ameba procura um encontro agradável com outra ameba, mediante um movimento ondulatório e faz "contacto" através de uma "ponte de energia". O processo de "contacto" começa quando dois campos de energia de dois biossistemas pulsantes se atraem, se tocam, se sobrepõem e se fundem, emanando luz e vibrando juntos. O pesquisador deduziu que o movimento da bioenergia no plasma da ameba é funcionalmente idêntico ao movimento do sangue de todos os seres vivos; (que é um biossistema muito mais complexo) e que a emoção (Expansão = Sim; Contracção = Não), é um movimento real energético-expressivo do sangue. Ele chamou este movimento de "linguagem expressiva do ser vivo".
W. Reich defende que este processo é funcionalmente idêntico no "Contacto", entre o recém-nascido e a mãe. A função de mãe (ou quem lhe faz a vez) é o de promover prazer ao recém-nascido de modo que possa entrar em "contacto" com ela, para poder desenvolver o nascimento do seu potencial de crescimento. Para W. Reich o prazer torna-se o processo especificamente produtivo do sistema biológico. O recém-nascido (passivo) na fase "autista" é, segundo este modelo, um bebé não adequadamente estimulado pela mãe, está fora do mundo. Segundo ele, o bebé não é passivo, mas nasce com um alto potencial de bioenergia pulsante com o qual se exprime; onde a excitação parte de seu corpo, se expandindo para entrar em contacto com o ambiente – o corpo da mãe – o duplo biossistema se expressa todo com sua própria vibração auto-expressiva e no "contacto", formando um único biossistema muito grande, no interior de qualquer campo de energia se mescla, comunicando-se expandindo-se contra o ambiente circundante.
W. Reich chama este processo de "Biossocial "; "Bio" porque é uma comunicação emotiva a um nível de pulsação plasmático-energético, "social" porque se desenvolve entre dois seres humanos. Segundo ele a comunicação biossocial é a base de qualquer comunicação. Através de sua pesquisa nos anos 50 vem hoje confirmar a recente indagação face o recém-nascido e sua mãe. Em videoregistro; se analisou e salientou com a câmara, tornando possível visualizar a microinteração que não se pode observar a olho nu, onde se vê revelado um recém-nascido visto pela primeira vez. Todos os outros que são passivos, estimula sua própria iniciativa sua mãe responderá, ela assinalará sua tarefa, não recebe e nem compreende as mensagens. Se o seu desejo de diálogo vem mudar o pequeno e é motivado a explorar, a brincar e a se cercar de prazer. Se sua mãe não pode escutar suas mensagens, o recém-nascido luta para ser notado. Chora; no entanto se não é correspondido repetidamente, renuncia e se retira em si mesmo; não acredita muito na sua própria capacidade em estabelecer "contacto".
O recém-nascido, pela estimulação de suas próprias funções vitais, tem necessidade de radicar-se no campo de energia de sua mãe. A sua vida depende disto. Quando está enraizado no "contacto" com sua mãe o recém-nascido se acha em estado de saúde; isso é observado ao ver como é doce o calor emanado pelo corpo, é visível a cor rosada da pele, se evidencia também nos olhos brilhantes, enquanto os movimentos expressivos do bebé provocam atenção de sua mãe. Quando esta se aproxima durante a massagem no recém-nascido; Eva Reich fala de "Glow and Flow" (Afecto e Fluxo): "Glow and Flow" é a expressão visível do estado de saúde e bem-estar do recém-nascido "em contacto" com sua mãe; é a expressão visível da liberdade da pulsação sanguínea - energética auto expressiva, através do qual a mãe e o recém-nascido dialogam; únicos em um único biossistema, quem sabe como se desenvolve, se a mãe puder cooperar. Dá prazer esse funcionamento e esta inter-relação durante o "contacto bioenergético", deste contacto depende o desenvolvimento futuro da criança.
"Os bebés aprendem mais nos três primeiros anos do que em quaisquer outros três anos de sua vida. Se nós adultos aprendêssemos tanto em tão pouco tempo seríamos todos génios" (Andrew Metzolf - psicólogo norte-americano professor em Washington - Revista: VEJA, 17 de Maio de 2000).
Eva Reich explica como o "vínculo" é uma função de "contacto" sobre o qual se pode trabalhar bioenergeticamente e ensinar como se faz com o método da "Gentle Bioenergetics", ensina sobretudo como prevenir o início da vida, o distúrbio na informação mãe-bébé, e as consequências para eles, efeitos graves para o futuro da criança.
Um diálogo especial, carinho e amorO "contacto" é um processo rítmico, energético, de tensões – carinhosas e de descarga – retenção. Como W. Reich descreve em "A função do orgasmo". Todas as emoções têm esse ritmo: o acalentamento, o jogo, o pranto, etc.
Durante a massagem bioenergética que ensina Eva Reich, a pele da criança tem fome de contacto com o corpo da mãe e a deseja ardentemente (tensão). No contacto com as mãos da mãe a pele de ambos se carrega de energia, tornando-a rosa, vibrante, e um sentido de bem-estar, conforto, que invade todos os dois, o menino arde de prazer de ser amado. Depois o pequeno se sacia, o bem-estar flui novamente, e, feliz e relaxado, se abandona nos braços da mãe.
"Você me sente eu sinto você; nos dois nos pertencemos". Esta é a estrutura da vida e do amor: um fluxo rítmico-energético entre dois seres vivos. O significado original da palavra religião é "pertencer".
Em um continuum de experiência filogenética da criança estimula a sua mãe a responder a sua mensagem e espera que assim seja escutado. Com um senso infinitamente subtil e refinado, comum a todas as mulheres, a mãe sente dentro de si a reposta "justa", responde alegremente à sua volta, ao feedback da criança. Este "contacto" rítmico-energético é o "Grounding and Grace". Grace ou graça, vem da língua grega "charia" (amor que cura); graça na língua hebraica significa também "útero".
O grounding é a conexão energética com a mãe, é a condição com a qual a criança poderá tecer o seu Ser no mundo.
Graça é a encarnação do amor e da cura com a qual a mãe se dedica, do seu Ser mais profundo à satisfação da criança.
Este fenómeno do "contacto", que segundo W. Reich é "a linguagem expressiva do ser vivente", vem descrito em termos científicos bioenergeticamente, como super posição dos campos de energia de dois biossistemas vibrantes.
Hoje, recentes pesquisas sobre recém-nascidos, feitas com a câmara de vídeo, mostra ao mundo como o fenómeno do "contacto", mãe/recém-nascido; este diálogo/dança da linguagem primária do ser vivente. "Toda mãe cria e passa esta dança pessoal e única, executando e transmitindo diante da própria criança."
Neste peculiar e perfeito movimento, a sequência improvisada da adaptação recíproca, são partes de um processo universal, comum a toda mulher. O conceito de "identificação vegetativa" é condição introduzida por Reich e indica a capacidade de sentir no próprio organismo um processo específico energético, emocional, de excitação de outra pessoa e de reconhecê-lo como tal. Eles descobriram que esse é um "contacto" suficientemente profundo entre dois organismos provocando uma ressonância energética; com isso plasmática. Esta ressonância devolve a possibilidade vital no próprio corpo expressando na pessoa com a qual está em contacto.
As crianças se manifestam com movimentos auto expressivos, que são reais processos biofísicos energéticos – plasmáticos, com os quais estimula sua mãe a entrar em contacto com eles. Neste estado de "contacto bioenergético", o fluxo de manifestação de pulsação biofísica; a criança pode se perceber no biossistema (corpo) da mãe, com movimento e sensações, podendo ser compreendidos como; se pertencesse.
A capacidade da mãe de ter "o contacto" com a criança atravessa a própria pulsação plasmática, percebida como emoção no próprio corpo, depende da sua capacidade de suportar, sem medo, a força onde a excitação com aquela criança se exprime durante o nascimento; depois que teve nos braços uma criança não esquecerá mais esta sensação.
O problema daqueles que assistem o nascimentoPara W. Reich era essencial que os seus colaboradores percebessem esta capacidade de identificação vegetativa como principal instrumento para reconhecer a tarefa da mãe e da criança.
O sentido orgânico (=identificação vegetativa) do contacto, de uma função do campo de energia de ambos, mãe e criança, sobretudo para o especialista. O contacto orgânico (bioenergético) é elemento de experiência e de emoção essencial na inter-relação entre a mãe e a criança, sobretudo no período pré-natal e, no primeiro dia da semana de vida. A sorte futura da criança depende disso. Parece ser o coração dela desenvolvendo emoções do nascimento. Sabemos muito pouco sobre isto tudo.
Os resultados de recentes observações directas da dupla mãe/filho pressupõe que rapidamente é possível analisar, no vídeo também, isto que acontece na inter-relação recém-nascido-operação (obstetra, ginecologista, pediatra, etc.).
Se colocamos agora critérios objectivos para escolher aquele médico que possam assistir o "biossistema" mãe /recém-nascido durante e depois do parto, facilitando o desenvolvimento e a sua capacidade de auto-regulação da saúde. No futuro, esta pessoa terá habilidade de (identificação vegetativa) para poder seguir as mensagens não verbais da relação mãe/recém-nascido.
Esta capacidade não é muito pequena e não é uma coisa que se procura nos ensinamentos nas escolas de especialização e nas universidades; hoje sabe-se que pessoas fortemente encouraçadas, que tiveram reprimidas suas próprias emoções, também tiveram uma óptima preparação universitária e não se comunicam em nível da "identificação vegetativa" com a relação mãe/recém-nascido e possam infringir, sem querer prejudicar o (plasma vital) da criança.
Não temos ainda nenhuma ideia precisa sobre aquilo que é normal no esquema interactivo entre a mãe e a criança. Não se pode reduzir o saber intuitivo de uma mãe; existe alguma coisa a aprender/conhecer. O andamento interactivo se realiza através da correspondência intuitiva e instintiva.
O apoio emocional não vem de conselhos de especialistas mas de grupos informais de mulheres que vivem igual experiência. A mãe dispõe de uma natural capacidade de identificar-se com as crianças, e de se comunicar com ela, de um único modo justo entre ambos; e as crianças confiam naturalmente em suas mães.
"Os especialistas devem aprender que as mães são sempre intuitivas, o conselho para os especialistas em nascimento é de se envolver o menos possível nos afazeres da mãe." Esta transformação é a principal característica, segundo Silja Wendeslstadt, de seus grupos de massagem de bebés.
II. – Massagem BebéA massagem bebé bioenergética oferece aos pais a possibilidade de compreender e sustentar este carinhoso (e potente) processo de liberação da pulsação bioenergética; o qual, segundo Eva Reich, é o pré-requisito da saúde auto-regulada, presente e futura. A massagem é parte de uma antiga tradição oriental, que conhece o profundo valor da ligação entre mãezinha, Eva Reich elaborando o pensamento de seu pai, tinha descoberto no Ocidente, sua base científica; o valor da massagem–bebé e aplicação sem perigo no recém-nascido e também no prematuro.
As pesquisas científicas são resultado de uma pesquisa com recém-nascidos, massajados regularmente por suas mães, apresentaram um desenvolvimento neurológico significativamente melhor do que no grupo de controlo não massajado.
O efeito da massagem-bebéA estimulação doce da massagem de Eva Reich, que deriva da vegetoterapia, (a vegetoterapia é uma psicoterapia corporal assim chamada por W. Reich porque incide sobre o sistema nervoso vegetativo), faz fluir a energia através dos blocos musculares em direcção à periferia (em direcção ao mundo).
A pulsação energética - plasmática através da comunicação mãe e criança se harmonizar de tal modo, que muitas mulheres, com profundos problemas emocionais, podem ser tratadas da depressão pós-parto recebendo uma quantidade suficiente de massagens, antes, durante e após o nascimento do bébé. O prazer funcional que se renova com a massagem harmoniza a acção do sistema neurovegetativo, simpático – parassimpático e tem um efeito positivo sobre todas as funções do organismo, promovendo saúde. Basta pensar que os animais "fazem massagem" os recém-nascidos, são lambidos, que os pequenos que não são lambidos morrem. Os recém-nascidos não acariciados, terão sua qualidade de sobrevivência gravemente comprometida.
A massagem é particularmente importante:
para bébés adoptados e para seus novos pais, favorecendo o vínculo;
para os bebés nascidos de cesariana, eles não receberam a forte estimulação cutânea do nascimento pela vagina;
para os bebés que não puderam ser amamentados, é com a massagem que receberão nutrimento energético;
para os bebés que as mães trabalham: o encontro regular e o intenso fluxo de conforto que se transmite durante as massagens, alimento energético de proximidade para as mães e para as crianças;
para os bebés prematuros; o afecto transmitido pela massagem no recém-nascido é surpreendente no seu desenvolvimento.
As últimas pesquisas psicoanalíticas confirmam a importância do bom contacto com a pele para a sobrevivência do Ser e as graves consequências de sua falta.
A pele é parte de um sentido muito amplo do corpo e este contacto é muito importante para a sobrevivência do ser.
No início os bebés percebem e conhecem o mundo através da pele: o modo com o qual virão a ser tocados, segurados nos braços é no início, uma experiência táctil.
Todo "o mundo das sensações" se originam da pele elaborado pela mente. As sensações transformam-se em percepções, emoções e sentimentos. A pele protege, limita e permite o contacto com o outro, acolhe uma infinidade de estímulos e respostas. Assim no nascimento a pele é o órgão que filtra o mundo externo, por este motivo a pele tem uma importância fundamental no final do nascimento. A psicologia infantil coloca o desenvolvimento da mente e do pensamento já no primeiro ano de vida, e a pele é o órgão principal, através do qual isto acontece.
Os grupos de massagens-bébésA experiência que descrevo aqui refere-se a um grupo de bebés massajados que Silja, reuniu em seu consultório particular, as mulheres haviam feito a preparação para o parto com ela anteriormente, no enfoque bioenergético suave e se conheceram no primeiro mês de gravidez. Depois do parto quando o bebé já com 1 ano e três meses, a mãe retorna por 3 ou 4 encontros, junto com seu marido com duração de uma manhã inteira. A massagem deve durar de 10 a 20 minutos, a segunda exigência, é a resposta da criança e o seu prazer, que guia os movimentos e a duração.
No início dos encontros, existe um trabalho com as mulheres de muito tempo de trocas de experiências. Normalmente, o grupo é composto em média por 6 mulheres com seus bebés e quase sempre tem 1 ou 2 pais.
Quando vamos iniciar a massagem, as mães podem tirar a roupa de seus bebés, mas se os bebés choram podem ficar vestidos. A massagem toca sobretudo a "aura" dos bebés e faz efeito também em seus hábitos. As mães, nas suas sessões se deitam em colchões, se dispondo em semicírculos, enquanto a pessoa que conduz o grupo mostra em uma boneca massajando-a, elas fazem a mesma coisa em seus filhos. O toque é suave como sopro/vento ou como disse Eva Reich, a maneira como toca (como se fosse uma borboleta). As mãos se movem da testa em direcção aos pés (para descarregar as tensões em direcção às partes baixas do corpo, onde possam ser toleradas e descarregadas; a massagem deve ser feita do centro do corpo para a periferia - alma).
Em caso de stress, a energia é encontrada no centro do corpo e graças às estimulações, obrigam fluir para a periferia; através da pele, pelas mãos da mãe. Um campo de energia vibrante se cria entre as mãos e a pele se estendendo por todo o corpo. É uma experiência que produz energia para ambos, durante o qual se entrega a uma profunda comunicação. Quando a energia começa a fluir a pele do bebé se torna rosa e pulsante de um doce calor, provocando contracções no bebé e também na mãe.
Aprendida a fácil técnica de Eva Reich e aprofundando o seu significado, não se pode esquecê-la: tudo se transforma então em uma dança das mães com o corpo do bebé e lentamente todo o corpo da mãe participa de um movimento rítmico, acompanhado de um canto espontâneo. Observa-se que frequentemente no início as mãos da mãe são pouco hábeis e cheia de tremores e não agradam muito o bebé, mas rapidamente começa o verdadeiro "contacto" e com um pouco de coragem, as mãos e todo o corpo da mãe se sentirão soltos. Na última sessão parece que as mãos vibram sobre o corpo do bebé como um instrumento; o bebé parece ser o instrumento e maestro ao mesmo tempo e o prazer que ele sente é visível, com as mãos da mãe em seu corpo.
Depois do bebé massajado, resta à mulher ainda por muito tempo ligada a esta experiência ser outra pessoa, mãe de seu filho. Com o fervor com o qual se comunicam entre eles se percebe quão importante, como uma "identificação vegetativa".
Muitas vezes se verifica o que chamamos um "contacto bioenergético do grupo", é como se os campos de energia das mães e dos bebés se expandem e torna-se muito luminoso, quase pulsante. O quarto parece transformar-se em um macio útero de energia que envolve tudo. Se sente que é um momento de troca particularmente intenso. Os bebés não choram mas escutam atentos, maravilhados e respiram profundamente. Seu aspecto é rosado, os olhos brilham e se vê o mesmo calor visível na mãe em seus movimentos. Juntamente com o som de sua voz emite uma vibração de bem-estar e de amor. Quando nestes momentos alguém entra se sente "como em outro mundo" e espera com calma, e se envolve e tornando feliz, tudo que está a sua volta.
Período sensívelVamos procurar observar e aprofundar, considerando o "período sensível" depois do nascimento; um momento único no qual se desenvolve uma forte ligação de reciprocidade, "privilegiado" entre recém-nascido e seus pais. Nesta fase tem uma influência profunda sua família. A antiga tradição indiana sabe bem disto; as mulheres há milénios recebem massagens diariamente e por muitas semanas depois do nascimento. Nos grupos de preparação ao parto, propõe-se normalmente que o marido faça massagem regularmente em suas mulheres durante a gravidez, e durante o esforço pós-parto.
Esta prática deverá tornar-se uma regra geral em obstetrícia, porque as mães serão tocadas com cura e doçura durante o parto sobretudo depois tocarão os recém-nascidos com mãos hábeis, e um recém-nascido tocado com doçura fará o mesmo com seus filhos.
Eva Reich não somente insiste em sublinhar em seus workshops, que a mãe depois do nascimento não deve se separar em nenhum momento do recém-nascido, mas sustenta que a separação é um "crime" contra a vida dos bebés e alerta para as graves consequências de um tratamento insensível das mães e bebés, antes, durante e depois do parto, porque a regra bioenergética é única e de modo particular, naqueles momentos. Tal ligação se desenvolve na mãe a partir de seu saber instintivo e na criança, a energia para seu crescimento.
Este contacto se reforça com a massagem. A criança é acariciada, como uma planta bem curta, tem muitas possibilidades de se desenvolver, de crescer e de confiar em si mesmo na adversidade inevitável da vida. Neste período pouco considerado, profundo e aprimorado processo emotivo, entre o recém-nascido e a mãe. Uma criança docemente abraçada já no nascimento, aprende para sempre que; é desejada e quando adulto, será terno no abraçar. Por isso é importante que o obstetra ensine a massagem-bebé no primeiro dia de vida e que os grupos de bebés massajados iniciem o mais rápido possível após o nascimento.
A massagem da mãeOs sentimentos fortes e contrastantes de ternura e medo, que inundam o corpo da mãe durante e após o nascimento, podem ser assim potente para superar pouco a pouco as resistências da mãe e se opor a isto.
A compreensão, se expressa também com um toque empático da parte de quem está próximo, pode ajudar a superar o trauma de aceitar a criança e a sensação de desordem que traz consigo o potencial biológico com o qual o recém-nascido e a mãe auto-regulam a informação e deste modo poderá se desenvolver em toda a sua plasticidade e produtividade.
Para a mãe, porém fazer massagem-bebé quando ainda está cansada por causa do parto, pode ser trabalhoso, sobretudo se as primeiras tentativas são frustrantes e ela está insegura. Neste caso, a mãe mesmo recebendo a massagem-bebé pode fazer fluir de novo a energia, junto com um senso de bem-estar. A mãe vem tranquilizar sobre o facto que não é possível ter sempre um bom contacto com os bebés, mas o importante é que possamos reconhecer quando um bom contacto se estabelece com as crianças, e que eles possam reconhecer quando perderam "contacto" e poderem recorrer pedindo ajuda.
Na cidade na qual Eva Reich tem ensinado, instituiu-se um centro de "pronto socorro emocional " onde a mãe (como também o pai) com seus filhos, quando, o contacto bioenergético entre eles é interrompido; recebem a necessária ajuda com "o método bioenergético suave" principalmente com a massagem bioenergética do nascimento. Deste modo, previne-se ou interrompe rapidamente um "círculo vicioso" como efeito negativo grave para o desenvolvimento das crianças.
É relativamente fácil reconstruir um círculo do equilíbrio natural bioemotivo.
Quando a mãe está sobrecarregada e o bebé chora, ela fica nervosa, o pequeno chora muito e ela cada vez fica mais nervosa. Durante o estado de abertura da mãe no período sensível, parece que acontece qualquer coisa de particular quando ela recebe intenso contacto rítmico e relaxante da massagem bioenergética. O prazer e o calor do contacto estimulado em todas as células da mãe, a livre pulsação bioenergética auto expressiva. Parece que o esquema afectivo-motor, bloqueado no passado (talvez na primeira infância? talvez no momento do nascimento?) possam agora, na relação, com o próprio recém-nascido, ser estimulada a desenvolver-se. Como se a natureza quisesse, neste momento particular, colocar à disposição do casal mãe-bebé, todo seu potencial de cura; e por isto, que semelhante período se situa entre a cura e o sagrado.
A espiritualidade do contactoDurante a massagem bioenergética pós-parto, quando a energia entre a mãe e o bebé, flui e pulsa nos dois na profundidade deles, podendo viver este "glow and flow" e o amor vibrante irradia sobre o outro; para mim, estamos diante de um momento sagrado, no qual o social e o biológico se encontram. Duas personalidades assim diferentes como Wilhelm Reich e Frédérick Leboyer, em épocas diferentes, observaram e viram nos recém-nascidos satisfeitos, na sua cumplicidade com o BUDA, uma graça infinita que silenciosamente irradia a qual esperamos por toda a vida.
"Se uma fraternidade internacional entre eles, seres humanos poderá ser fundamentada sobre uma base estável, igual base natural para um funcionamento internacional cooperativo da sociedade; poderá ser somente o princípio do recém-nascido; a herança bioenergética que cada recém-nascido traz consigo um sistema energético enormemente produtivo e adaptado que dão a eles a fonte de contacto com o ambiente.
A tarefa de base da educação deve ser remover cada obstáculo que se opõe a esta produtividade e plasticidade dessa energia biológica naturalmente concedida. Geralmente se entramos em contacto com recém-nascidos de maneira que possa surgir um mundo mais habitável, eles serão capazes de transmitir e participar. Talvez possamos finalmente iniciar, conhecer, perceber e compreender dentro de nós o grande potencial de energia criativa e a proteger das nossas couraças os "bebés do futuro".
O desenvolvimento de um fluxo amoroso – emoção, afecto, sentimento e pensamento
by Dr. Sandor (1982)
O trabalho do Dr. Sandor também se harmoniza com o pensar de Rudof Steiner, expresso neste poema:
No coração tece o sentir
Na cabeça brilha o pensar
Nos membros vigora o querer
Brilhocente
Tecer vigorante
Vigor brilhante
Isto é o Homem.
Na emoção se manifestam mais intensos os impulsos do inconsciente. É o "vir à tona" de explosões mais primárias. E/moção movimento que sai de si em direcção a... Numa pessoa a emoção e o afecto são modalidades do sentir. No afecto são mobilizadas as ondulações dos humores. A emoção com somatizações é traduzida por afecto. São bem conhecidas as manifestações de rubor; nó na garganta; taquicardia e sudorese, entre tantas outras. Diferentes reacções viscerais podem se apresentar, traduzindo a emoção mais primária numa história de manifestações corporais. O sentir para Jung traz a consciência englobando a emoção e o afecto.
A consistência da emoção e do afecto aumentam com a tomada de consciência.
O pensar pode trazer enaltecimento para o sentimento. Assim ocorre, uma manifestação integrada em diferentes níveis desenvolvendo um fluxo amoroso.
Durante a aplicação dos toquesÉ essencial, dizia o Dr. Sandor, que se deixe um espaço em aberto não projectando expectativas sobre a outra pessoa.
Ficaram inesquecíveis as suas palavras:
Não queiram nada.....
Apenas observem o que vai ocorrer...
Deixe surgir no momento a ideia do toque, sem planeamento prévio, convidando a pessoa a se soltar com consciência e aceitação é um bom caminho que vai criando as condições para que o trabalho possa se desenvolver. Também os movimentos espontâneos, que surgem durante o contacto, devem ser sempre valorizados.
O Dr. José Ângelo Gaiarsa criou certa vez uma imagem que reflecte esse mesmo "espaço sem expectativas." Faz-se clara a lembrança de como se expressou: "o encontro entre o cliente e o terapeuta deve ser como dois aviões de esquadrilha voando em paralelo, onde o cliente, um pouco mais à frente, vai criando os movimentos e a direcção em ‘céu aberto’. O terapeuta segue acompanhando um pouco atrás e os dois formam um só movimento no espaço".
Sempre é aconselhável o uso de técnicas mais simples no início de um contacto.
O Dr. Sandor sorria ao dizer que as pessoas precisavam primeiro ser "amaciadas" para só então passarem a receber os toques mais subtis, quando já tivessem desenvolvido a confiança e uma sensibilidade mais aprimorada. Assim, no início dos trabalhos, eram indicados os giros com as grandes articulações, as sequências dos trabalhos mais vigorosos, além de outras combinações, entre as quais os pequenos estiramentos dos braços.
Sempre foi dada ênfase aos toques nos pés usando o método "Calatonia" como sendo uma abordagem que poderia ser usada desde o primeiro contacto, mesmo com quem nunca tivesse tido experiência com trabalhos corporais.
A subtileza de apenas se tocar nos pés afasta o esquema de "defesas" naturalmente accionado quando a pessoa não está ainda preparada para outros toques, além do fato de ser um trabalho de plena abrangência, que chega em nível de profundidade que é de difícil alcance por meio de outros caminhos.
Como regra geral a presença do "bom senso" faz parte dos trabalhos, sempre levando em consideração as condições físicas e psíquicas da pessoa no momento.
As crianças não se deixam enganar por palavras, pelo toque elas sentem se podem confiar ou não, reagem às mínimas oscilações de quem as tocam, e também são um excelente teste para saber se o toque é bom, ou se o terapeuta é bom. O período de gravidez também requer uma atenção especial na selecção dos toques.
Os toques podem afectar o equilíbrio e a organização posturalMuitos trabalhos alteram a organização e o equilíbrio postural, podendo acarretar manifestações neurovegetativas, como tontura ou enjoo. Convém sempre estar atento para amparar e auxiliar a pessoa a se deitar caso haja necessidade.
A solução do corpo propicia condições para um reajuste postural mais adequado para o momento, ao lado da mobilização de um rebaixamento das defesas da consciência, que facilita o "vir à tona" de conteúdos reprimidos. A soltura das tensões de uma postura fixa promove condições para expansão e crescimento. Para auxiliar a pessoa a ter condições de se soltar sem medo, convém orientá-la com antecedência e informar que não vai se machucar e será amparada.
A importância do contacto com a natureza para fortalecer o corpo e a AlmaO contacto com a natureza para a conquista do equilíbrio tanto do corpo quanto da alma foi sempre enfatizado pelo Dr. Sandor. Ele falava com entusiasmo, que subir montanhas era um excelente meio para combater depressão, pessoalmente acredito que banhos de cachoeira também ajudam a combater a depressão, como também trabalhar na terra.
A importância da qualidade do toqueA segurança do gesto que se manifesta no "tocar" é essencial para transmitir ao paciente confiança e criar condições para que ele se solte durante o trabalho corporal. O desenvolvimento da sensibilidade das mãos e o aprimoramento do toque, assim como a qualidade e alcance do olhar, vão interferir directamente no efeito dos trabalhos.
O "diálogo" por meio do toque vai aumentando de sintonia após os primeiros contactos, até que se acaba estabelecendo um fluxo natural.
A aproximação deve sempre começar com cautela, afastando qualquer passo invasivo e criando condições de conhecer melhor as mensagens que o corpo do paciente vai manifestando. "A sensibilidade das mãos e a ondulação da voz interferindo no contacto terapêutico."
Influência da voz do terapeutaO tom de voz, o ritmo e a cadência são importantes canais de comunicação, interferindo no momento em que são feitas as orientações dos toques e durante todo tempo do encontro terapêutico.
Antes do toque, o tom da voz do terapeuta já pode começar a criar um clima que favoreça os trabalhos. Após o toque, a voz do terapeuta orientando o paciente para observar as sensações cria um fluxo de continuidade no contacto. O tom e o ritmo dos sons são também "toques." É conhecido o "poder da voz" na mobilização de sensações e de sentimentos.
A importância da observação atenta durante a aplicação dos toquesO corpo do paciente costuma apresentar alterações durante os toques, olhe, escute, sinta, respire, pense, deixe que suas mãos falem.
Pode-se perceber, muitas vezes, mínimas reacções vegetativas que aparecem durante ou após os toques e que podem ser trabalhadas também como sinalizações, auxiliando na compreensão do que está ocorrendo. Convém estar atento para o facto de que o relaxamento traz em si o benefício de rebaixar "as fiscalizações do nível consciente", facilitando a conscientização dos conteúdos reprimidos.
Emoções vegetativas
Imagine o organismo como um grande animal unicelular, como por exemplo, uma ameba ou um metazoário. Mantenha essa imagem simplificada em sua mente quando pensar em você mesmo, suas emoções e reacções.
Ao pensar sobre todos os diferentes processos que ocorrem dentro de você, o processo metabólico, o vaso motor, o cardiovascular, o respiratório, etc., saiba que, embora você seja composto por processos mais complexos, fundamentalmente eles não são diferentes da ordem básica da vida vegetativa.
Como cada célula que pulsa em nosso corpo, somos seres pulsantes. E essa pulsação é o movimento alternado de contracção e expansão que se pode encontrar em todos os lugares em que existe um sopro de vida. É dessa forma que a água se move nos oceanos e nos rios; em um fluxo contínuo que forma ondas e curvas, continuamente porque não o vemos se interromper – apesar, há uma constante mudança de maré, para dentro e para fora, uma precipitação de fluidos como a corrente de nosso sangue, um impulso interno que mantém seu ritmo constante, como as batidas de nosso coração.
Se está consciente da vida vegetativa dentro de si, pode sentir esses movimentos subtis, como ondas suaves ou fortes.
Há as correntes de plasma que conduzem suas sensações até sua mente. Através dessas ondas, você pode encontrar seu ritmo, e o ritmo que você ousa sentir é sua identidade. E se você não consegue reconhecer esses movimentos através de sua mente consciente, é porque eles não são únicos para você, mas universais – eles são nossas emoções vegetativas.
O sistema nervoso vegetativoAnimais unicelulares que ainda não desenvolveram um sistema nervoso ainda possuem um sistema de coordenação que conduz impulsos do núcleo até a periferia, a membrana, e de volta para o centro.
Essa transmissão não é neural, mas tem uma origem bioeléctrica, já que os impulsos são conduzidos através das formações de onda das correntes de plasma.
Mesmo nos estágios mais primitivos de desenvolvimento, o corpo do animal possui um aparato central para a produção de bioelectricidade.
No metazoário, esse aparato consiste dos assim chamados gânglios vegetativos, conglomerados de células nervosas que são dispostas em intervalos regulares e são conectadas por finos ligamentos a todos os órgãos e suas partes.
Eles regulam as funções involuntárias da vida e são os órgãos dos sentimentos e sensações vegetativas. Eles formam uma unidade conjuntiva, um assim chamado "syncitium" e se dividem ao mesmo tempo em dois grupos com uma função oposta: simpático e parassimpático (citação extraída de Wilhelm Reich: "A Função do Orgasmo").
O grupo simpático tem por função lidar com as reacções de sobrevivência provocadas pelo ambiente externo, como por exemplo, no caso de ataque ou fuga ou em qualquer situação de emergência.
O grupo parassimpático tem por função manter constantes os processos internos de sobrevivência, o batimento cardíaco e o metabolismo basal.
O processo global de sobrevivência é produzido por uma interacção constante entre esses dois grupos, que trabalham reciprocamente; um por vez. Isso acontece não apenas porque eles têm diferentes funções, mas porque a actividade parassimpática tem uma relação específica com os subprodutos do simpático. Ela tem também por função dissolver internamente as impulsões e impressões causadas pelas reacções aos estímulos externos. Assim, dentro do processo parassimpático pode ocorrer uma extensão do processo metabólico, depois do evento, a fim de descarregar o excesso simpático.
O centro da regulação vegetativaNo animal unicelular esse processo é espontaneamente realizado pelos movimentos pulsatórios da célula, que liberta uma energia excessiva através de expansões e contracções alternadas. Na expansão, a célula assimila fluido e nutrição da água - na contracção, a célula descarrega fluido e resíduos. Essa actividade rítmica e pulsatória, que é o estado geral de relaxamento e função parassimpática, permite à célula eliminar constantemente elementos perturbadores, ao mesmo tempo que gera energia para vitalizar funcionalmente o organismo. A regulação vegetativa é produzida pelas lentas ondas de correntes plasmáticas que curam o organismo de dois modos:
1 - Na descarga que se segue à fase de recuperação posterior ao evento stressante quando os subprodutos do stress são eliminados;
2 - Na fase de reabilitação, que se segue consequentemente para vitalizar e recarregar a célula.
No organismo multicelular, são os órgãos digestivos (intestinos) que estão a cargo desses procedimentos pós-afectivo.
De modo similar ao mecanismo de regulação pulsatório do animal unicelular, os intestinos geram correntes de plasma através de seus movimentos de contracção, a peristalse. Sob condições favoráveis, a actividade peristáltica é capaz de reabsorver quaisquer restos ou resíduos do sistema e estimular os órgãos secretores e excretores a promover a descarga final. Esse processo de limpeza é um fenómeno biológico, que é necessário para o organismo, para que ele possa regular e estabilizar o equilíbrio vegetativo no dia-a-dia. Entretanto, essa regulação só pode ocorrer quando não há nenhuma tensão interna impedindo as correntes de plasma nas paredes intestinais.
Se esse procedimento pós-afectivo vier acompanhado de ansiedade e contracção, só vai se dar uma recuperação artificial e não haverá reabilitação. Então, a função parassimpática do centro de regulação afectiva não pode ocorrer, os subprodutos de stress permanecem e o ritmo biológico é interrompido. Todas as vezes que uma condição pós-afectiva não consegue promover descarga, reabilitação e recarga suficientes, o organismo perde parte de sua flexibilidade. Daí, as correntes de plasma diminuem de ritmo e nós perdemos nossas emoções.
Tocar é uma resposta natural de amor e excitação
É impossível pensar em amar alguém sem querer estar perto e de tempo em tempo tocá-lo. Nós como terapeutas, diz Robert Hilton (Ph.D.) – analista bioenergético, frequentemente ouvimos a queixa: "Ele diz que me ama, mas nunca me toca". Isto não combina. Na verdade há um acréscimo de energia quando você ama alguém, há um acréscimo de energia no corpo que te move em direcção à expressão.
Segundo Dr. Stephen Sinatra, cardiologista e analista bioenergético, diz que os braços do embrião se desenvolve a partir de finos brotos ligados ao coração. Quando você ama alguém você quer abraçar. Isso é verdadeiro na paixão mas, também, quando se ama alguém que está magoado; a nossa inclinação natural é tocar, beijar o que está ferido para fazê-lo sarar. Nós queremos segurar aqueles que amamos, que estão feridos. Tocar também é natural quando estamos compartilhando uma excitação mútua. Para Bob Hilton, amor e excitação nos movem naturalmente para expressar o acréscimo de energia através do contacto físico.
Bibliografia
1. A Espiritualidade do Contacto - Silja Wendelstadt da Revista Internacional ANIMA E CORPO de psicologia somática - (Outono, 1997, Milão, Itália)
2. Curso de Especialização em Psicoprofilaxia Obstétrica - Sedes Sapientiae /1980
3. The Active Birth Partners - Janet Balaska
4. Toques Subtis - Uma experiência de vida com o trabalho de PETHÖ SÁNDO – Summus
5. Material do Instituto de Bio-Dinâmica (Gerda Boyesen)
6. O Toque em Psicoterapia - Robert Hilton - Ph.D. CBT
por Mariangela G. DonicePsicóloga com especialização em Psicoprofilaxia Obstétrica – SEDEScertificada e supervisora em Análise Bioenergética pelo Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo – IABSP (membro executivo deste instituto)filiado ao "The International Institute for Bioenergetic Analysis" – New York - USA